Ponderações sobre custeio
- contato85378
- 23 de jun. de 2021
- 3 min de leitura

Ao contrário do que a sabedoria popular prega, a condução saudável de um negócio vai bem além da simples relação aritmética entre gastos e recebimentos. Aproveitando o raciocínio, não é somente concentrar as energias nas vendas, mas também nos processos internos (finanças, operacional, estratégias, custeio) para poder prosperar.
O mundo dos negócios está em constante mudança, e a forma como se calcula o valor agregado aos produtos também deve mudar. Em tempos de outrora, não havia preocupação das empresas em, por exemplo, identificar “pequenas” perdas no processo produtivo, ou até um preço de venda elevado e impraticável.
Em linhas gerais, nesse caso, tudo o que se gastava era ”jogado” no preço final do item comercializado. Sabe-se que, um custeio bem elaborado não pode ser estruturado de tal forma. De um modo geral, a concorrência é implacável em questão de formação de preços qualidade de fabricação, o que gerou novos tipos de custos. Apesar de tudo, esses ainda são divididos nas seguintes categorias:
Matéria Prima (MP) = materiais integrantes no produto acabado;
Mão de Obra Direta (MOD) = valor de trabalho humano diretamente empregado ao produto;
Custos Indiretos de Fabricação (CIF’s) = Demais custos exceto MP e MOD, e que não se aplicam diretamente à produção. Como exemplos temos o Aluguel Fabril e a Mão de Obra Indireta.
Vale salientar que os custos são distintos das despesas, sendo essas os esforços que a empresa realiza na tentativa de gerar receitas, como marketing, contabilidade ou materiais de escritório. Custos são os valores que podemos apropriar, de certa forma, aos produtos produzidos e que serão comercializados.
Nesse sentido, com a mudança mencionada das empresas e com a composição dos custos apresentada, devemos nos atentar que a distribuição dessa composição dos custos de transformação (MOD e CIF’s) sofreu uma natural metamorfose conforme o tempo passou, e que de agora em diante temos uma maior preocupação em gerenciar os Custos Indiretos de Fabricação. Segue a ilustração:

Indutivamente, podemos perceber o problema apresentado aqui, sendo que a lógica do custeio é alocar, de maneira inteligente, os valores às unidades produzidas, sendo relativamente simples alocar a Matéria Prima e os Custos Diretos de Mão de Obra. Todavia, a grande dificuldade é o processo de alocação, pois depende da subjetividade, não importando se o analista utilize um Centro de Custos, um modelo CVL ou custeio ABC.
Para melhorar a visualização do que está sendo dito, seguem abaixo dois estudos de caso comentados:
Estudo de Caso 1

Note que a empresa “A” produz com maior eficiência, tendo em vista suas menores perdas (aplicação do mesmo sistema de custeio nas duas empresas, pois nem sempre é possível tirar as mesmas conclusões sobre ópticas diferentes) no processo produtivo e, teoricamente, consegue agregar maior valor ao produto. Embora esteja contradizendo a teoria econômica sobre produtividade, a empresa “B” tem um lucro unitário maior, mas a suposta melhor qualidade do produto em “A” permite com que esse seja mais competitivo e, pela maior quantidade demandada pelo mercado, consegue alavancar ganhos em escala.
Estudo de Caso 2

Aqui corroboramos que aquela contradição à teoria econômica faz todo sentido. A lógica é que, comparativamente, houve uma melhora no sistema de custeio nessa empresa, e a produção se realizou de uma forma que as margens foram ampliadas. O fato é que em março, a empresa produziu menos, mas com custos melhores. Conjecturando explicações, talvez o analista que realizou esse exame na empresa, propiciou cortes de gastos (como demissões de funcionários blindados, eliminou custos desnecessários na produção, aperfeiçoou processos junto a outros departamentos) ou minimizou as perdas com estoques represados (talvez seja a explicação pela menor quantidade produzida). A lógica é eliminar tudo o que não agrega valor aos produtos ou serviços, para trazer mais qualidade e competitividade ao produto final.
Tudo apresentado aqui é um resumo de uma complexa teoria de custeio, então caso sinta necessidade de aprimorar os conhecimentos sobre as filosofias apresentadas é preciso buscar material para tanto. As informações expostas convergem para a conclusão de que, as empresas que sofrem dificuldades no presente momento, é preciso que haja a reformulação dos processos internos que propicie a identificação dos problemas, a eliminação das causas para que seja possível a sobrevivência no curto prazo e no longo prazo, eliminar as deficiências, aumentar a competitividade e prosperar.
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