A Prática da Responsabilidade Social Empresária

2021 propõe um modelo conceitual capaz de abordar a responsabilidade social tanto pela ótica do desempenho empresarial quanto pelo comportamento empresarial responsável. Diante às intempéries enfrentadas em 2020 acredita-se que a retomada do crescimento econômico passa a ser visto como essencial, mas não há todo custo. Este é válido se pensado de forma capaz de contemplar a responsabilidade econômica da empresa em ser produtiva e rentável, mas, não se esquece do dever social por estar inserido em uma sociedade.

O modelo de Archie Carrol, de 1991, estabelece uma pirâmide de responsabilidades a fim de organizá-las segundo necessidades empresariais nas quais quando uma é alcançada tem-se o próximo andar da pirâmide. A base da pirâmide é, para o autor, a responsabilidade econômica, pois, esta seria indispensável para a continuidade da empresa com seu lucro, como também, na parte social em função da geração de empregos, investimentos e pagamentos de taxas e impostos que permitem não só ações privadas como aquelas de origem estatal. De modo que a responsabilidade econômica influencia nas outras dimensões relacionadas.

A segunda área da pirâmide é a Dimensão legal, esta consiste no respeito às regras do Estado, ou seja, a obrigação que a empresa tem de respeitar as leis sociais impostas pelo país em que está inserida. A terceira é a dimensão ética representada pelo compromisso de se fazer o correto segundo a moral e os valores compreendidos pela sua sociedade e realidade compulsória segundo a política e a legislação local. Por último, no topo da pirâmide está à responsabilidade discricionária ou filantrópica, trata-se de uma extensão da dimensão ética e compreende as contribuições relacionadas ao arbítrio individual ou voluntário para a sociedade, com o objetivo de atingir qualidade de vida e sustentabilidade socioambiental.

A aproximação da ética com os negócios chama atenção para o fato de que as administrações das empresas brasileiras preocupavam-se só com os resultados econômicos, contudo, no mercado atual, para que uma empresa sobreviva em ambiente complexo há que se terminar com a oposição entre ética e organização. Apesar de ser uma teoria com seus quase trinta anos, esta se mantém em alta no mercado, visto que o papel dos investidores e do consumidor tem se tornado estrutural para o posicionamento de um negócio. Ao se identificarem com uma organização, por meio de seus valores, missão, produtos, os stakeholders adotam esta ou aquela empresa como de sua preferência, fazendo exigências, se fidelizando, fazendo campanhas contra o uso de uma marca. Se uma companhia não considera os interesses das minorias, por exemplo, das comunidades locais, esta pode ser prejudicada, pois, uma vez insatisfeitos exercem pressão sobre a organização para que ela respeite seus interesses. Por isso, muitas organizações buscam elementos balizadores para negociar seus objetivos com as partes interessadas.

Para agir com Responsabilidade social uma organização precisa se implicar em algo mais que obrigação ou por necessidade de fundo econômico-financeira. A fim de atingir grupos sociais, a comunidade em que a empresa se localiza, seus acionistas, seus trabalhadores. Estes, é claro, podem ser convergentes aos interesses imediatos da empresa, de acordo com uma segunda dimensão do conceito de Responsabilidade Social Empresarial. Alcançar as expectativas desta sociedade, refletir seus pensamentos e valores da mesma amplia o alcance de consumidores e de mercado da organização. Acredita-se que a procura por empresas que não estão voltadas somente para a produção e lucro é crescente, e por isso, a atividade socialmente responsável pode ajudar a instituição a reforçar sua ligação com a comunidade local e com os empregados. O nome dessa ligação é capital reputacional, um fator subjetivo, mas de grande importância no campo dos negócios, que garante a imagem da organização e sua reputação no mercado para assegurar seu mercado consumidor e uma gestão equilibrada de recursos.